segunda-feira, 4 de junho de 2018

JUIZ MARCO ADRIANO FAZ PALESTRA NA EXPOSIÇÃO "130 ANOS DE UMA FALSA ABOLIÇÃO"



Dentro da programação da exposição “130 Anos de Uma Falsa Abolição”, promovida pela Fundação Pedreirense de Cultura e Turismo (FUP), Conecta Biblioteca e Centro de Consciência Negra do Médio Mearim (CCNP), o juiz de Direito Marco Adriano Ramos Fonsêca, proferiu palestra no dia 29 de maio, nas dependências da Biblioteca Municipal Antenor Amaral, no Palácio Municipal/Memorial João do Vale.

Durante sua apresentação, o magistrado ressaltou os antecedentes históricos da Lei Áurea, destacando que o movimento abolicionista teve repercussão em algumas revoltas populares, além da pressão internacional, especialmente da Europa, pela proibição da continuidade de práticas escravocratas no Brasil Império, havendo sérias ameaças de embargos ao comércio brasileiro no âmbito internacional, e culminando na edição da Lei Eusébio de Queiroz (1850) que proibiu o tráfico de escravos transportados em navios negreiros, a Lei do Ventre Livre (1871) que libertou as crianças nascidas filhas de escravas, a Lei dos Sexagenários (1885) que beneficiou escravos maiores de 65 anos, e finalmente o advento da Lei Áurea, subscrita pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.

No entanto, o magistrado fez uma reflexão com os alunos e professores participantes de que a abolição da escravatura não veio acompanhada de ações afirmativas para inclusão dos negros recém-libertados. “É impossível tratar da cidadania dos negros brasileiros e da promoção de seus direitos humanos sem se percorrer os nossos registros históricos Os escravos postos em liberdade foram inseridos num processo de marginalização social, não sendo inseridos no mercado de trabalho remunerado e não houve nenhum programa voltado a sua inclusão social. Tal discriminação ainda permaneceu bem marcante no campo político, posto que os negros somente tiveram direito ao voto a partir de 1934”, destacou o palestrante.

Prosseguindo na apresentação, ele mencionou a inserção do negro na magistratura brasileira, sendo que conforme pesquisa sociodemográfica do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2013, embora sejam maioria populacional, menos de 15% dos juízes do Brasil são negros, o que evidencia uma falta de representatividade na cúpula de diversas instituições republicanas.

Diante desse cenário, o CNJ aprovou a Resolução 203/2015 estabelecendo a reserva de 20%(vinte por cento) das vagas aos negros nos concursos públicos para provimentos de cargos efetivos nos órgãos do Poder Judiciário, inclusive de ingresso na magistratura, em de todo o Brasil.

Ao final da palestra, o juiz ressaltou alguns maranhenses negros que se destacaram no âmbito nacional, tais como a poetisa Maria Firmina dos Reis, primeira romancista brasileira, natural de Guimarães, autora da obra “Úrsula”; e João do Vale, “O Poeta do Povo”, natural de Pedreiras, reconhecido como “O Maranhense do Século XX”.

Participaram do evento alunos das escolas Zeca Branco, Carlos Martins e Corrêa de Araújo, o representante do  CCNP; das secretarias municipais de Educação, de Políticas Públicas para as Mulheres, de Assistência Social; jovens da Associação do Bairro do Diogo; e do projeto Criança Feliz.

*com a colaboração de Lua Castro, da FUP






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